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Histria de Ilhus
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Ilhus - Ponte noite - Foto: Manu Dias

A Capitania de Ilhus, que abrange a atual Costa do Cacau, foi doada em 26 de junho de 1534 a Jorge de Figueiredo Corra, fidalgo do Reino, historigrafo do rei e escrivo da Famlia Real, um dos homens mais ricos de Portugal. O donatrio, no entanto, jamais ps os ps nos trpicos selvagens (morreu em Lisboa, em 1571), mandando em seu lugar o militar e Cavaleiro da Ordem Crist, Francisco Romeiro, Castelhano que h muito vivia em Lisboa. 2s4w67

Romeiro, partiu de Lisboa em 1535 e veio ancorar na ilha de Tinhar, onde, depois de guerrear ndios bravios, ergueu uma povoao no alto do morro de So Paulo. A modesta povoao porm no prosperou. Francisco Romeiro acabou rumando para o sul. Em um ponto da costa, na baa de Ilhus, assim denominada devido s ilhotas que se erguem fora da barra, Romeiro fundou no alto de um morro (atual outeiro de So Sebastio) a vila de So Jorge dos Ilhus, sede da capitania, uma das primeiras vilas do Brasil.

Infelizmente, no se conhece a data em que foi instalada a vila (provavelmente nos primeiros meses de 1536; entretanto h historiadores que acreditam que antes de 1544 a vila no existia), pois os registros se encontravam entre os documentos consumidos pelo incndio do arquivo municipal. interessante que Romeiro, da capitania, fez anteceder ao nome da vila a invocao de So Jorge, se no em louvor ao santo catlico cuja imagem montada a cavalo saa na procisso de Corpus Christi, em Portugal, mas em homenagem ao capito-donatrio que permaneceu na Corte. So Jorge dos Ilhus era, ento, uma pequena povoao de casas de taipa cobertas de palha que no diferia muito das aldeias dos ndios tupiniquins.

A cultura do cacau, vocao e identidade da regio, se alastraria pelas margens dos caminhos fluviais, subiria as encostas dos morros, invadiria as matas e gradativamente assumiria o lugar da cana-de-acar. Com o plantio das rvores dos frutos de ouro principia uma nova era: a civilizao do cacau. No sculo XIX, os coronis do cacau tomam o lugar que antes pertencera aos senhores de engenho.

Contingentes de desbravadores de terra penetram pela inspita e exuberante Mata Atlntica e abrem suas “roas” sombra de jacarands, vinhticos, cedros, pitis, ips, maarandubas, paus-darco, sucupiras, paus-brasis, num sistema de plantio que ficaria conhecido com o nome de cabruca. A conquista das matas, todavia, no se daria de modo pacfico. Houve lutas violentas pela expropriao da terra. Essa saga dos coronis do incio de sculo foi imortalizada em uma vasta literatura cujo maior expoente o romancista Jorge Amado, o escritor brasileiro de maior ressonncia internacional. Cacau (1933), Terras do Sem Fim (1941) e So Jorge dos Ilhus (1944) compem uma trilogia das lutas sangrentas pela posse das matas e pelo domnio da terra para o plantio dos cacauais.

“Ilhus nascera sobre ilhas, o corpo maior da cidade numa ponta de terra, apertado entre dois morros – o do Unho e o da Conquista – e invadira tambm as ilhas vizinhas”. Jorge Amado – Terras do Sem Fim.

ear pelas ruas e praas de Ilhus mergulhar na histria dessa cidade surgida h 465 anos, quando o rei D. Joo III resolveu dividir o Brasil em quinze gigantescos lotes - as capitanias hereditrias. A antiga sede da capitania onde ndios, holandeses, ses e portugueses lutavam pela posse da terra, hoje conhecida como um dos maiores plos tursticos do nordeste brasileiro. Ilhus soube preservar as riquezas patrocinadas pelo apogeu do ciclo do cacau, nas dcadas de 20 e 30, deste sculo.

Foi Jorge Amado, um dos mais populares escritores brasileiros, que, com seus romances, divulgou internacionalmente a cidade de Ilhus. “No sul da Bahia cacau o nico nome que soa bem. As roas so belas quando carregadas de frutos amarelos. Todo princpio de ano os coronis olham o horizonte e fazem as previses sobre o tempo e sobre a safra”. Alm de Jorge Amado, outros escritores e poetas escreveram sobre a temtica do cacau: Adonias Filho, James Amado, Hlio Plvora, Emo Duarte, Cyro de Mattos, Clodomir Xavier e Sosgenes Costa.

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