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Histria de Penedo

SCULO XVI – ORIGEM DO NOME – Para alguns historiadores, o nome primitivo do Penedo, deveria ter sido “SO FRANCISCO”. O nome desse notvel rio, no linguajar indgena (Caets), os primitivos habitantes da zona sanfranciscana, foi “OPARA” (Rio do Mar), ou “PAR”. O Rio So Francisco foi descoberto em 1501 por Amrico Vespcio e batizado com o nome do Santo de Assis. J no mapa geogrfico do Brasil, feito pelo Cantino em 1502, aparece o nome do Rio So Francisco. Com o tempo, o povoado teve o seu nome consagrado de “PENEDO”. Pelo foral de D. Joo III, em 1534, foram criadas as Capitanias Hereditrias no Brasil Colnia, sendo a de Pernambuco, entregue aos cuidados de Duarte Coelho Pereira. 4j182p

J de posse do seu domnio, programou duas bandeiras; uma iria para o norte, at a Paraba e outra para o sul, at a Foz do Rio So Francisco. Chegando sua Foz, resolveu subir, parando em uma localidade de nome “PENEDO”, j ocupada pelos ses na cata do pau-brasil.L deixou uns poucos colonos, retornando sede de seu governo. Essa viagem, tudo indica que foi em 1545. Com a sua morte, a Capitania de Pernambuco ou a ser istrada por sua esposa Dona Brites, at que foi nomeado o segundo Donatrio, o seu filho Duarte Coelho Pereira de Albuquerque.

POSSE OFICIAL DO POVOADO – Com a presena dos ses no Penedo, desde 1522, havia naquela localidade um clima de forte reao dos ndios Caets, contra os poucos colonizadores que ali ficaram. Duarte Coelho Pereira de Albuquerque, assumindo a direo da Capitania de Pernambuco, logo organizou uma viagem ao sul da Capitania, alcanando o Rio So Francisco e, consequentemente, o lugar de nome “PENEDO”, com a finalidade de combater os ndios Caets, expulsar os ses e consolidar o seu domnio na regio sul da Capitania. Ao chegar localidade, “PENEDO”, inteligentemente mandou construir uma Feitoria (espao de armazenagem de mercadorias), como sinal concreto de posse da zona sanfranciscana. Assim sendo, podemos tomar como o incio da povoao do Penedo, o ano de 1560, quando se deu a viagem de Duarte Coelho Pereira de Albuquerque regio sanfranciscana.

A povoao do Vale do So Francisco, tem em Duarte Coelho Pereira, o primeiro a trazer o “elemento povoativo” de cor branca, para aquela regio, depois consolidada a sua ao benfica pelo segundo donatrio, que ampliou o projeto iniciado pelo seu pai. Em seguida vem o lusitano, propriamente dito, com o objetivo planejado pelo SISTEMA DE COLONIZAO, deixando a marca nos nomes de famlias que formaram e formam as famlias da zona sanfranciscana: Medeiros, Menezes, Carvalho, Pereira, Monte, Peixoto, Lemos, Gonalves, Brito, Chaves, Melo, Lobo, Machado, Almeida, Moreira, Palmeira, Rodrigues, Otaclio, Guimares, Batinga, entre outras.

Em terceiro lugar, temos o negro que chegou na condio lamentvel de escravo, porm, com seu brao, muito ofereceu para a consolidao da economia alagoana e de modo especial, brasileira. Por ltimo, temos o sertanejo, formador de nossas fazendas e grande impulsionador de nossa economia, e do alargamento de nosso territrio, graas ao seu esprito de luta e bravura. Como podemos observar, o Rio So Francisco, tem uma importncia incomensurvel na formao fsica, mental, econmica, cultural e espiritual de toda a faixa sanfranciscana. Ele foi o caminho que nos legou o progresso, a cidadania, a cultura e a arte.

SCULO XVII – PRIMEIROS COLONIZADORES – Surge como primeiro colonizador fixo da zona sanfranciscana, o portugus Andr da Rocha Dantas, proprietrio de fazendas de gado. A sua esposa D. Maria Barbosa, era descendente da famlia Lins de Porto Calvo, onde Cristvo Lins foi o colonizador da regio norte de Alagoas. O territrio alagoano foi dividido em Sesmarias, num total de 12, e entregues a “homens de qualidade”. Coube a Belchior lvares Camelo, ser o primeiro Alcaide-Mor de Penedo, a receber terras na Foz do Rio So Francisco.

Em 1614, Ferno Vaz Freire, obteve as “Ilhas Genipapo e Perucaba”, as quais com a sua morte, aram para a Ordem Beneditina. O progresso da zona sanfranciscana era patente, levando o quarto donatrio de Pernambuco, em sua viagem Alagoas, elevar o povoado “PENEDO”, condio de Vila, com o nome de VILA DO PENEDO DO RIO SO FRANCISCO, outorgando-lhe o ttulo de “MUI NOBRE LEAL E VALOROSA”. Esse fato histrico aconteceu em 12 de abril de 1636.

INVASO HOLANDESA – Em 1637, a Vila do Penedo do Rio So Francisco foi invadida pelos holandeses; era o projeto para a ocupao definitiva de todo o norte e nordeste brasileiro pelos holandeses. Maurcio de Nassau chegou ao Penedo, no dia 27 do mesmo ms e ano, porm no encontrou o seu rival. Tomou o Rio So Francisco como limite sul de seu domnio, enamorando-se da regio pensou em trazer colonos, mas no obteve o apoio da Holanda. Acometido de impaludismo, aps trs meses, retornou para Recife, deixando o Forte Maurcio de Nassau por ele construdo em Penedo. Como era um bom estrategista, percebeu que as tropas da Bahia poderiam vir ao seu encontro, e mandou construir uma fortaleza no morro do Aracar-Sergipe.

O Forte Maurcio de Nassau em Penedo, foi construdo na rea da atual Catedral Diocesana, sendo aquela praa ao lado da mesma, conhecida pelos antigos como Praa do Forte. Maurcio de Nassau chegou a Penedo, no como colonizador e sim como invasor, apossando-se dessa Vila. Durante a sua estadia em Penedo, houve paz, todavia com a sua retirada, a situao de angstia se instalou na Vila, onde perseguies e mortes aconteceram, a ponto da populao deixar a Vila, juntamente com o vigrio, Padre Manuel Vieira.

Em 19 de setembro de 1645, os penedenses, tendo frente o valente Valentim da Rocha Pita ou Valentim Rocio, auxiliados pelas foras baianas, expulsaram os holandeses de Penedo. Como marco dessa luta histrica, os penedenses fizeram levantar uma CRUZ DE PEDRA no alto do MONTE ALEGRE, depois Cajueiro Grande e hoje, Praa Dr. Manuel Clementino do Monte. A presena opressiva dos holandeses em Penedo, e a luta pela LIBERDADE, ou histria como a “OPENEDA”.

QUILOMBO DOS PALMARES – A cidade de Penedo foi pioneira no movimento abolicionista no Estado de Alagoas. Havia uma conscincia abolicionista que dominava a comunidade penedense. Em 1869, foi fundada em Penedo a “SOCIEDADE HUMANITRIA EMANCIPADORA PENEDENSE”, mais antiga do que a “SOCIEDADE EMANCIPADORA ALAGOANA”, que foi fundada em 28 de setembro de 1881. Diz o Mestre Felix Lima Jnior: “almas bem formadas, coraes piedosos, j se interessavam pelo desaparecimento da mancha escravagista”.

MALS EM PENEDO – No sculo XI os rabes invadiram a frica pag para difundir a religio e civilizao Islmica. A infiltrao do maometismo tornou o continente africano teatro de renhidas lutas religiosas- as guerras santas-; para reduzir obedincia e as dependncias aos nativos no islamizados. O islamismo, no foi assimilado em sua feio total, misturando-se (a culturao religiosa) s antigas crenas dos nativos, surgindo sob novas feies no mundo africano. Porm, os negros maometanos que foram islamizados na cultura rabe, foram dotados de certa cultura espiritual, escreviam em rabe, interpretavam o Alcoro, livro sagrado do Islamismo, que durante 13 sculos constituiu para a maioria dos muulmanos, o livro nico que ao mesmo tempo era cartilha, manual de oraes, cdigo de direito cannico e livro de meditao.

Aportaram no Brasil, na triste condio de escravos, tantos mais ou menos incultos, como tambm a chamada “elite negra” que sabia redigir com correo o rabe Clssico, conhecendo Astronomia, Direito, Aritmtica e teologia. Pginas distintas da literatura rabe, deve-se a nativos do Senegal, de Fouta, de Tombouctou e da Nigria. Esses muulmanos de origem africana, objeto de comrcio vil, equiparados a irracionais, provenientes de vrias tribos do continente negro, foram denominados na Bahia e nas Alagoas (Penedo) de Mals ou Muulmi e de Aluf, no Rio de Janeiro.

Do territrio Alagoano, Penedo foi o nico ponto onde houve o culto negro-maometano, perfeitamente organizado. A velha Cidade do Penedo(Alagoas), reuniu no ado, um dos mais populosos centros de negros, na regio Alagoana. No foi o nmero de negros africanos que deu o nome a Penedo, mas sim a condio de alguns deles serem maometanos. Eram ortodoxos, impressionavam pelo credo religioso, seguiam o Islo nas suas prticas religiosas. Dentre esses muulmanos, o mais respeitado e conhecido na vila foi o negro Manuel, nag liberto, entre os seus chamado Abul, antigo escravo da famlia Bittencourt.

Os Mals destacavam-se dos outros negros da comunidade Penedense, por uma espcie de segregao social, e religiosa ou de vida pautada por hbitos de absoluta austeridade, sendo por isso respeitados geralmente. Estimados porque eram atenciosos e corteses, embora reservados. No adoravam imagens, no iam Igreja Catlica, nem acompanhavam Procisses. No ano de 1828, havia no Penedo 4.468 pretos. Livres, 2.043 e escravos 2.425.

Esses dados encontram-se no Mapa da Populao do Termo da Vila do Penedo, com a declarao de sexo e qualidade, enviado pelo Capito-Mor do Penedo, Manuel Hiplito de Souza Vieira, ao Presidente da Provncia das Alagoas, Manuel Antnio Galvo. Nesse mesmo ano de 1828, foram, identificados no termo da referida vila, os Hauss, os Fula e os Mandinga. A Festa dos Mortos, ritual que os Mals realizavam uma ou duas vezes por ano nos arredores da Cidade, dividia-se em duas partes: 1 - o jejum e as rezas; 2 - os sacrifcios; 3 - os banquetes e as danas, segundo o historiador Nina Rodrigues. Viviam na Rocheira e no Bairro Vermelho. Notas da pesquisadora Cristina Sanches.

FRANCISCANOS EM PENEDO – Foi em 1660, que os frades franciscanos, a pedido da comunidade penedense, lanaram a primeira pedra da construo da igreja e convento de Nossa Senhora dos Anjos. A petio foi analisada pelos superiores do convento da Bahia e no dia 27 de agosto de 1657, decidiram aceitar o pedido da fundao da casa conventual na Vila do Penedo do Rio So Francisco. Em 31 de julho de 1660, foi lavrada a escritura do terreno doado pela Cmara para a construo, sendo a obra iniciada em 17 de setembro de 1660, festa das Chagas de So Francisco. A igreja conventual de Penedo, foi construda pelos frades franciscanos portugueses e brasileiros e, nunca pelos holandeses, uma vez que estes eram protestantes calvinistas e a prpria traa da igreja e convento da linha do BARROCO portugus.

A capela da Ordem III, conjugada igreja conventual, obedece ao mesmo estilo Barroco que no Brasil tomou o nome de COLONIAL. A presena dos franciscanos em Penedo, foi de grande importncia para a formao estrutural da famlia penedense. O convento de Nossa Senhora dos Anjos, no s foi um espao para o culto religioso, como tambm o foi, para a formao mental de muitos jovens, onde puderam conseguir conhecimentos da lngua portuguesa, do latim, do francs e de filosofia. Um outro aspecto importante que na OFICINA DE ARTE, ali existente, muitos jovens foram iniciados na arte de esculpir, pintar, trabalhar com mrmore, etc.

A CASA DO PENEDO – Notvel, sob todos os aspectos, a Fundao da Casa do Penedo, que nasceu da inteligncia de seu filho Dr. Francisco Alberto Salles, e mais ainda de seu corao Penedense. Esse espao tem uma misso nobre, difcil e at honerosa de resgatar A MEMRIA HISTRICA E CULTURAL DO PENEDO. Sobre as pedras nasceu Penedo, barrufada pela umidade das guas do rio So Francisco, continuou sua marcha gloriosa sob o impulso dos nossos irmos do ado. Agora, encontra a sua revitalizao na realidade histrica-scio-cultural de uma organizao que chegou, com um objetivo: RESGATAR O NOSSO ADO, RECOLOCAR EM NOSSAS VIDAS OS NOSSOS VALORES, ETERNIZAR O VALOR DO NOSSO PENEDO, no contexto alagoano e nacional. A Casa do Penedo, Penedo revivendo o seu ado e lutando para firmar-se no presente, conquistando seu futuro.

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